segunda-feira, 23 de julho de 2012

VINICIUS DE MORAES - O POETINHA



            Indubitavelmente, nenhum outro poeta foi tão conhecido pelas massas quanto Vinícius de Moraes. Fato que, muito provavelmente, só foi alcançado devido a seu envolvimento com a Música Popular Brasileira – sobretudo a Bossa Nova. Porém, o melhor Vinicius – ou aquele que é mais importante para a literatura – é o da Antologia Poética. Na obra verificamos um grande poeta, que alcança sua redenção e seu caminho mediante a poesia, que adquire importância crucial na lua dos homens. Foi por meio do fazer poético que o homem Vinícius de Moraes encontrou seu caminho: superou a religiosidade fundamentalista, o fascismo e a angustia existencial.

 Sua obra, como ele próprio sugere, divide-se em duas distintas fases. A primeira, que contempla seus três primeiros livros (O Caminho Para a Distância, Forma e Exegese e Ariana, a Mulher), é unanimemente caracterizada como uma fase amplamente mística, religiosa, metafísica, totalmente despregada do cotidiano, fortemente influenciada pelo Parnasianismo e pelo Simbolismo. A linguagem desta fase, de retórica elevada, é recheada de preciosismos e de vocabulário litúrgico, que se manifesta em longos versos. Cinco Elegias abre a segunda e mais importante fase do poeta. Nesse momento, Vinicius já alcançara a maturidade poética e, finalmente, abrira-se para o modernismo. A característica mais importante dessa fase é a aquisição do cotidiano. O poeta deixa de cantar anjos, Serafins e mulheres inalcançáveis (neo-neo-neoplatonismo amoroso) para tratar de assuntos ligados ao cotidiano; a vida terrena passa a ser a matéria poética. É com a superação de sua reacionária primeira fase que a herança modernista começa a fazer sentido para ele. Vinícius abandona, então, a retórica elevada, o vocabulário litúrgico, o preciosismo inútil e ornamental para dar vazão à linguagem simples do dia-a-dia e ao verso contido. Porém, sabe pesar bem as coisas; consegue suprimir os excessos do modernismo de 22 e incorporar aquilo que foi, de fato, inovador e revolucionário. Assim, revaloriza o soneto, que havia sido abolido pelos modernistas da fase heróica (22), que é repetido na forma, mas revitalizado no tema.

              Dizem que Carlos Drummond de Andrade – para muitos o maior poeta brasileiro – nutria uma grande inveja de Vinícius, pois este era expansivo, carismático, sedutor, de boa aparência etc. Certa vez declarou que o poeta das Cinco Elegias “foi o único entre nós que teve a vida de Poeta, o único que viveu como Poeta. Eu queria ter sido Vinicius de Moraes".  






Nenhum comentário:

Postar um comentário